terça-feira, 28 de setembro de 2010

A fome de Marina

"... a falta de bens materiais já é bastante ruim, mas unida à pobreza espiritual é mortífera"
(Steve Biko) 

A FOME DE MARINA
Prof. José Ribamar Bessa Freire*                                                            

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva,
justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da     
senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee  
dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem  está 
com fome”.                                                                               

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.Tais declarações 
são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois        
artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a  
compreender a  aventura da existência humana.                                            

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços  e enxudiosos,    
eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como  requisitos indispensáveis ao        
exercício de governar, para o qual os  Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam
despreparados.                                                                           

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o    
povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a idéia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício  da representação política.                        

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez   
pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do
que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.           
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo 
que os silvas representam.                                                               

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se  trata de um     
preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde  nós vemos uma beleza frágil e   
sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo  amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu 
inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se  trata
de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?                                                                     

O mapa da fome:                                                                         

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de
menina seringueira, quando comeu a macaxeira que  o capiroto ralou. Traz em seu rosto as 
marcas da pobreza, de uma fome  crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho,   
dentro do  Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada,    
andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até
caçava. Três de seus irmãos não agüentaram e acabaram aumentando o alto índice de        
mortalidade infantil.                                                                    

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora,   
com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose,      
condimentos e uma longa lista de uma  rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de
doenças contraídas  quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o
sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três  hepatites e uma          
leishmaniose.                                                                            

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas  no seringal. Ela
adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade.   
Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e 
aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação        
Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.                                               

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da    
Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa,       
cozinhando, faxinando. Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la,    
militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu  bairro, no 
movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes,  fundou a CUT no Acre e depois  
ajudou a construir o PT.                                                                 

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o  dinheiro das      
mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais  vereadores a fazerem o mesmo.    
Elegeu-se deputada estadual e depois  senadora, também por dois mandatos, defendendo os  
índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta. Quem viveu da floresta, não quer 
que a floresta morra.                                                                    

A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou 
o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e    
estimular o manejo florestal. Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias.     
Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um  milhão  
de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos  ambientais, desmonte de mais
de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de  37 mil propriedades de grilagem.              

Tudo vira bosta. Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee 
- a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos,
“o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a     
ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo         
vira bosta”.                                                                            

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se  
Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se      
manca, neném!/ Gente mala a gente  trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é  babaca”. Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice.                                                                               

Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando: “Não    
entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada”. Como
ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido  ao
povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar  você”.                 

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a                     
ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela  tem cara de     
professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a      
ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma 
fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha,  
ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.                                          

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque
mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos.    
Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem? Se for para votar em quem tem 
cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de  
Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou oSarney, untuoso, com sua cara de        
ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e  
de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses,  “il péte de santé”. O banqueiro      
Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara  de quem se alimenta bem. Essa é
a elite bem nutrida do Brasil…                                                           

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para
deixar de votar nela, porque essa é também a cara daresistência, da luta da inteligência 
contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia 
para o exercício de liderança em nosso país.                                             

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.
(*) José Ribamar Bessa Freire                             
Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas                       
(UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Amor e Ciúme



Ciúme e amor... convivência complicada,
Que nos deixa com a vida transtornada,
E na alma, marcas de decepção.
Se um pouquinho de ciúme aquece a chama
O excesso certamente esparrama
A discórdia, o desamor, desunião.

É o amor sinal maior de altruísmo,
Mas o ciúme exacerba o egoísmo
Que viceja em corações atormentados.
Se o amor se baseia em confiança,
O ciúme interrompe a bonança
Que faz felizes os seres enamorados.

Diz o ditado pra se dormir de olho aberto,
Especialmente quando não se está por perto,
E que se deve confiar... desconfiando...
Mas para  a dor do ciúme espantar,
Se desejarmos realmente amor provar,
É preferível confiar-se... confiando!

Oriza Martins

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Soneto de fidelidade

PARA REFLEXÃO ..

PARA REFLEXÃO ...
Herbert Viana

Pelo amor de Deus, eu não quero usar nada nem ninguém, nem falar do que não sei, nem procurar culpados, nem acusar ou apontar pessoas, mas ninguém está percebendo que toda essa busca insana pela estética ideal é muito menos lipo-as e muito mais piração?
Uma coisa é saúde outra é obsessão. O mundo pirou, enlouqueceu.
Hoje, Deus é a auto imagem.
Religião, é dieta.
Fé, só na estética.
Ritual é malhação.
Amor é cafona, sinceridade é careta, pudor é ridículo, sentimento é bobagem.
Gordura é pecado mortal.
Ruga é contravenção.
Roubar pode, envelhecer, não.
Estria é caso de polícia.
Celulite é falta de educação.
Filho da puta bem sucedido é exemplo de sucesso.
A máxima moderna é uma só: pagando bem, que mal tem?
A sociedade consumidora, a que tem dinheiro, a que produz, não
Pensa em mais nada além da imagem, imagem, imagem.
Imagem, estética, medidas, beleza. Nada mais importa.
Não importam os sentimentos, não importa a cultura, a sabedoria, o relacionamento, a amizade, a ajuda, nada mais importa.
Não importa o outro, o coletivo. Jovens não tem mais fé, nem idealismo, nem posição política.
Adultos perdem o senso em busca da juventude fabricada.
Ok, eu também quero me sentir bem, quero caber nas roupas, quero ficar legal, quero caminhar correr, viver muito, ter uma aparência legal mas...
Uma sociedade de adolescentes anoréxicas e bulímicas, de jovens lipoaspirados, turbinados, aos vinte anos não é natural. Não é, não pode ser.
Que as pessoas discutam o assunto. Que alguém acorde. Que o mundo mude.Que eu me acalme.
Que o amor sobreviva."*
" Cuide bem do seu amor, seja ele quem for "

Pavulagem da Ro

Amo esse blog, primeiro por que é de uma nortista igual a mim, segundo por que tudo o que ela escreve é divertido,informativo e interessante e terceiro porque ela é cheia de pavulagem ,igual a mim.
Beijos Ro.

Atráves desse link vocês podem conhecer de quem eu estou falando.
Pavulagem da Ro: Comidinhas de Belém

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Coincidência

Outro dia, digo outra noite, comecei a ver um filme com a Maryl, que se chama Julie & Julia,o Cleber já tava dormindo e depois de um tempo passado, comecei a cochilar, então decidi encerrar o filme pra continuar a ver outra hora, apertei pause e olhei o tempo do filme, e estava em 1:23 hr e logo em seguida peguei o celular pra ver a hora que eu iria dormir, e adivinhem...era o mesmo tempo em que eu tinha dado pause no filme. Coincidência mesmo.
Deu vontade de jogar no bicho,mas não tenho esse costume e nem lembrei disso no dia seguinte.
Ah, e sobre o filme, amei e a Maryl como sempre nota 1000.

Amo essa foto

Amo essa foto, porque amei esse momento. Filha, te amo. Não sei em que momento tu vens me ler, mas quando passares por aqui, saiba mais um pouquinho, que sempre quis estar( e sempre estarei)assim contigo, agarrada, falando ou cantando no teu ouvido, te dando carinho e colo, pra sempre filha, pra sempre.

2ª feira

Fiquei esperando a ligação para um emprego, mas nada aconteceu.
Tarde muito quente, noite também,e outra coisa não aconteceu( mas não vou falar).

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Poesias para todos nós



Compareçam meus amigos. Este é um trabalho muito importante na vida do Evanildo, meu amigo/irmão.

Beijos e nos encontramos por lá. Até.