sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Feliz Natal

Dê coração de Natal
Enfeite a árvore de sua vida
Com guirlandas de gratidão!
coloque no coração laços de cetim rosa,
Amarelo,azul,carmim.
Decore seu olhar com luzes brilhantes
Estendendo as cores em seu semblante.
Essa é a roupa para o Natal.

(Cora Coralina)

Um Natal cheio de paz,amor e harmonia.
Beijos doces

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natal com falta...

Às vezes parece que vovó não morreu, parece ainda estar lá cuidando das suas plantinhas ou costurando algumas coisas, ou fazendo um cafezinho que a gente podia sentir o cheiro longe... Bem que ela poderia ainda estar lá, ver e ouvir o seu sorriso quando a gente entrava.

Vamos fazer nossa ceia de natal, com todas as comidinhas gostosas e refrigerantes e sobremesas bonitinhas e feitas com paixão, mas não sabemos como será sem a minha avó, acho que estamos nos perguntando como será, se alguém vai sorrir se vamos nos sentir bem. Era (é) uma data muito importante pra família toda, ninguém faltava, todos estavam lá, sorridentes e felizes com a família reunida, mas agora falta, falta minha avozinha, falta a mãe de todos nós, estamos órfãos .

Nossos Natais sempre foram feitos com muita festa, músicas e presentes, muitos presentes. Vovó sempre fazia questão de presentear suas filhas com coisinhas para casa, eu cheguei a ganhar também um presentinho assim que me casei. Vovó gostava de ver sua casa enfeitada, brilhante e colorida , quando ela já não podia mais fazer com suas próprias mãos, vovó contava com a ajuda das netas, principalmente a Kelly, que tem as mãos prendadas, mas ainda não sabe o quanto.

Minha vovó Jacira
Pela primeira vez não enfeitamos a casa da vovó. Ficamos de enfeitar, mas ninguém teve forças pra isso, seria difícil deixar a casa colorida, enfeitada e brilhante sem vovó La dentro, ainda está muito recente. Seria uma dor tamanha.

Outro dia estávamos à mesa Cleber e eu, almoçávamos e eu comecei a chorar em silêncio, Cleber notou quando as lágrimas caíram, perguntou o que eu tinha, eu disse que estava com saudades da minha avó, então ele disse que pensava que eu já tinha superado, fiquei calada e não disse a ele que superar era uma coisa, coisa que um dia passa, mas saudade nos acompanha enquanto vivemos e lembramos-nos da pessoa. E a saudade pela minha avozinha me acompanhará enquanto viva eu for.

Que o Natal de todos nós seja puro e sincero, assim como foi o nascimento de Jesus.
 Toda a honra e glória ao Senhor Jesus. Amém.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

"Fizemos este anúncio pra você esquecer que hoje é o dia das crianças. E lembrar de todos os outros dias da vida do seu filho. Lembrar de todas aquelas coisas que você imaginou pra ele. Para que a infância dele fosse perfeita, diferente da sua. Todo homem fica a vida toda pensando em ter um filho. Sonha. Se vê passeando com ele.Rindo junto. Brincando, correndo. E acaba não fazendo nada disso. Porque não tem tempo. Porque chega cansado. Porque tem coisas importantes pra fazer. De repente, percebe que aquela educação diferente da sua, que queria dar a ele, acaba sendo igual ou pior. "Nunca vou bater nele." Acaba batendo. Pior: às vezes, chega a se arrepender de ter tido um filho. Você quer sair, se divertir. "Filho prende muito a gente." Rir, passear, fica tudo tão raro. Você percebe que não serviu nem para inventar a infância do seu filho. Brincar, pra ele, é completamente diferente do que você imaginou. Ele gosta de cada coisa estranha. Inventa as brincadeiras dele. E te inclui nessas brincadeiras. E você não tem tempo. Por isso, esqueça do dia das crianças. Pregue este anúncio num lugar que você possa ver sempre. Pra continuar lembrando do seu filho. Ainda dá tempo. Porque daqui a pouco ele cresce. E desaparece."
(autor desconhecido)


domingo, 19 de dezembro de 2010

19 de dezembro

Hoje é meu aniversário, porém meus documentos constam que faço anos no dia 14 deste mesmo mês. Nada demais,só quis dizer mesmo.hahahaha
Completo 32 anos. 32 anos, às vezes envelhecer se torna difícil, quando percebemos que nossa pele não é mais a mesma de alguns anos atrás (principalmente quando já geramos um ser),quando percebemos que nosso corpo não é mais tão "elástico" e concluímos isso quando nos abaixamos numa certa posição e temos dificuldade em nos levantar, e percebemos a velhice chegando quando perdemos o rebolado, aquele mesmo, aquele que faz o bambolê rodopiar em nossa cintura(que cintura?).

Outro dia comprei um bambolê pra minha filha, e fora da vista do meu marido, peguei o bicho e me pus dentro,  notei que mal ele deu uma volta no meu corpo e já estava caindo no chão, eu não consegui dominar aquele objeto do qual eu era tão íntima quando criança, eu conseguia equilibrá-lo, e as vezes eu conseguia rebolar com o meu e com o das minhas amigas tudo junto, era um brinquedo simples, mas que me trazia satisfação e queria sempre que alguém visse a minha grande proeza.

Sempre acreditei que eu não tinha medo da velhice, e continuo não tendo, mas agora eu sei que ela existe. Ontem eu disse pro meu marido, que será lindo se envelhecermos juntos, ele me olhou e sorriu serenamente. Acho lindo.

Pois bem, não tem festa no meu aniversário, mas tem festa no meu coração...mais um ano de vida.Apesar de não ter todos que amo ao meu lado, como minha avozinha, que nos últimos anos não se importava nem com o aniversário dela, pois sofria com Alzheimer, mesmo assim gostaria dela por aqui, e gostaria de ter também minha cadela Marie. Dois presentes, que agora vivem no passado, na minha lembrança e no restante dos meus dias.

Agradeço a DEus, pois tenho minha filha e meu marido e minhas irmãs e minha mãe e meu pai e meus parentes e meus amigos,e PARABÉNS PRA MIM NESTA DATA QUERIDA.

Beijos

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Que fofa essa almofada. Pra ser nossa, precisamos concorrer através do link Samariquinha , basta se inscrever e torcer. Bem que ela poderia ser minha, seria um presente lindo, pra eu ganhar de aniversário(19/12).
Boa sorte pra mim então.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Saudade ainda está aqui...

Como a Manuelle está de férias, estamos acordando um pouquinho mais tarde. Quando descemos, o Cleber já estava na cozinha estudando, fez o café e comprou o pão. Que bom.
Enquanto ela tomava o café, nos contava que teve um sonho com a Marie. Marie vinha pra casa e brincava com todos nós, era uma alegria só. Manuelle começou a  chorar, e eu também chorei. Na verdade sempre choro, sinto falta daquele amor na minha vida. Estou me dedicando a plantas, e agora quero um bonsai, acho que vou ganhar um. Me acostumei com o tempo que tinha pra Marie, e com os cuidados que eu dedicava à ela, por isso acho que estou amando árvores e plantas, pela falta que ela me faz, mas sempre com o pensamento no meu grande amor peludo. Não gosto de manifestar esse sentimento, sempre acho que os outros vão dizer que tô fazendo drama, ou que um cachorro não mereça tanto bem querer, mas é que a Marie era um sonho de criança que nunca teve um cachorrinho, uma vontade de ter aquele amor visto nos filmes e lido nos romances caninos. Por exemplo, quando assisti o filme SEMPRE AO SEU LADO, com o Richard Gere, fiquei bastante emocionada e fiz todos assistirem e então todos choraram(menos minha mãe hehehe) e quando li MARLEY E EU, um livro com uma história também real sobre cachorro. Ainda bem que posso me expressar aqui e também com o Cleber e minha filha, afinal de contas Marie era o nosso bebezinho de 4 patas, que tanta alegria real nos trouxe e que quando nos deixou, um vazio ficou, um vazio de amor, e um vazio de ser criança, pois quando brincávamos com ela, Cleber eu voltávamos a ser crianças, e isso era mágico. E isso nos faz uma falta...

Piadinha de mãe

Achei legal e ainda não conhecia essa "velha piada'. Sobre mãe e seus filhotes.


A ordem de nascimento das crianças
Irmãos mais velhos têm um álbum de fotografia completo, um relato minucioso do dia que vieram ao mundo, fios de cabelo e dentes de leite guardados. Já os caçulas penam para achar fotos do primeiro aniversário e mal sabem a circunstâncias em que chegaram à família.

*O que vestir *
*1º bebê -* Você começa a usar roupas para grávidas assim que o exame dá positivo
*2º bebê -* Você usa as roupas normais o máximo que puder
*3º bebê -* As roupas para grávidas SÃO suas roupas normais

*Preparação para o nascimento *
*1º bebê -* Você faz exercícios de respiração religiosamente
*2º bebê -* Você não se preocupa com os exercícios de respiração, afinal lembra que, na última vez, eles não funcionaram
*3º bebê -* Você pede a anestesia peridural no oitavo mês

*O guarda-roupas *
*1º bebê -* Você lava as roupas que ganha para o bebê, arruma de acordo com as cores e dobra delicadamente dentro da gaveta
*2º bebê -* Você vê se as roupas estão limpas e só descartas aquelas com manchas escuras
*3º bebê -* Meninos podem usar rosa, né?

*Preocupações *
*1º bebê -* Ao menor resmungo do bebê, você corre para pegá-lo no colo
*2º bebê -* Você pega o bebê no colo quando seus gritos ameaçam acordar o irmão mais velho
*3º bebê -* Você ensina o mais velho a dar corda no móbile do berço

*A chupeta *
*1º bebê -* Se a chupeta cair no chão, você guarda até que possa chegar em casa e fervê-la
*2º bebê -* Se a chupeta cair no chão, você a lava com o suco do bebê
*3º bebê -* Se a chupeta cair no chão, você limpa na camiseta e dá novamente ao bebê
*Atividades *

*1º bebê -* Você leva seu filho para as aulas de musicalização para bebês, teatro, contação de história...
*2º bebê -* Você leva seu filho para as aulas de musicalização para bebês
*3º bebê -* Você leva seu filho para o supermercado, padaria...

*Saídas *
*1º bebê -* A primeira vez que sai sem o seu filho, liga cinco vezes para casa para saber se ele está bem
*2º bebê -* Quando você está abrindo a porta para sair, lembra de deixar o número de telefone de onde vai estar.
*3º bebê -* Você manda a babá ligar só se ver sangue

*Troca de fraldas *
*1º bebê -* Você troca as fraldas a cada hora, mesmo se elas estiverem limpas
*2º bebê -* Você troca as fraldas a cada duas ou três horas, se necessário
*3º bebê -* Você tenta trocar a fralda antes que as outras crianças reclamem do mau cheiro

*Em casa *
*1º bebê -* Você passa boa parte do dia só olhando para o bebê
*2º bebê -* Você passa um tempo olhando as crianças só para ter certeza que o mais velho não está apertando, beliscando ou batendo no bebê
*3º bebê -* Você passa um tempinho se escondendo das crianças

*Engolindo moedas *
*1º bebê -* Quando o primeiro filho engole uma moeda, você corre para o hospital e pede um raio-x
*2º bebê -* Quando o segundo filho engole uma moeda, você fica de olho até ela sair
*3º bebê -* Quando o terceiro filho engole uma moeda, você desconta da mesada dele

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Por que inclui "Amor" no título do blog?

Mudanças. Resolvi mudar a "cara" do meu blog( e com certeza mudarei outras vezes) e achei que faltava algo no título, então fiquei pensando, pensando e achei a palavra certa: AMOR. Simples né? Vocês podem dizer:simples, mas o que o amor tem de simples?. Mas a verdade é que o amor é simples sim, esse sentimento tão profundo, que podemos sentir por tantas coisas e que podemos receber também, é tão gostoso. Posso dizer que quem complica as coisas somos nós mesmos.
Sempre ouvir dizer que quando estamos namorando alguém, e se gostamos muito dessa pessoa NUNCA devemos deixar que ela saiba da nossa paixão, porque a pessoa amada irá fazer com a gente o que bem entender, abusar do nosso sentimento e blá blá blá...realmente cresci crendo nisso. Até depois de casada eu tinha esse problema, falar eu te amo era uma coisa mecânica, sem graça, sem amor. Mas eu amava, (e ainda amo) e era um amor preso, um amor que queria e precisava de liberdade, era angustiante sentir aquilo. Até que um dia resolvi libertá-lo, cansei de deixar o pobre amor sofrer, percebi que a vida é bonita e que devemos cantar o amor, e isso foi bom, pois o amor do meu marido por mim veio melhor, mais carinhoso e aconchegante e então eu me senti segura e mais e mais apaixonada por ele e por nós.

Esta tarde ele estava tocando violão ( não toca muito, mas o que sabe aprendeu sozinho) e já ia guardar o instrumento quando lhe pedi que cantasse a última e pra mim, pedi que escolhesse uma especial, pra demonstrar o amor dele por mim. Escolheu então O MUNDO ANDA TÃO COMPLICADO   do Legião Urbana. Que coisa mais linda!Amo também essa música. E amo também meu marido.E quero desejar boas vindas ao AMOR no meu blog.

E viva o amor e toda a sua essência. 

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Família Blog

Procurando o que fazer pela internet, certo dia encontrei os blogs (em 2008),comecei então a fazer parte deste mundo. Porém, por falta de computador em casa na época, desisti e acabei deixando pra lá esse negocio. Me tornei usuária exclusivamente do orkut (fiquei num vicio só). Tempos depois, sentindo falta das minhas agendinhas do tempo da adolescência , falta de escrever sobre minha vida e tudo o mais, resolvi retomar meu blog. Vasculhando na net, encontro cada belezura de blog que eu vou te falar...
Primeiro descobri o blog para Francisco, onde conheci a história de Cristiana Guerra, que perdeu o marido enquanto gerava o primeiro filho deles, com as confidencias de Cris no blog, eu sorri, chorei, me encantei com esse amor.
Depois fui apresentada a uma mulher que não quer esquecer o seu tempo de menina feliz , tempo maravilhoso esse que ela nos conta de uma forma encantadora, sou apaixonada pela menina que ela foi, e pela mulher que ela se apresenta pra gente.
Conheci também um blog, onde li histórias sobre uma moça chamada Stella, que perdeu seu pai e ela era ainda muito nova, e tinha medo das lembranças que tinha, irem desaparecendo de sua memória, resolveu então escrever pro Pai dela viver mais. 
Conheci a poucos dias uma mulher com as mãos de fada, ela me fez olhar melhor pra minha casa, e perceber que podemos criar alguns mimos pra vida em família ficar mais alegre e bonita, até fiz algumas mini (bem mini mesmo) almofadas de coração. Estou falando da Ruby, ô coisa boa é acompanhar o blog dessa mulher.
E não deixo também de acompanhar o blog da Erika, minha prima. Na verdade Erika é esposa do meu primo Sandro, mas que na verdade é meu irmão, aquele que eu não tive. E os dois são especiais.
E eu não poderia deixar de fora um blog de uma pessoa muito querida, a Ro. Ela é de Macapá  , mas agora mora na Alemanha, e me mandou um postal lindo de lá.


Quero deixar beijos a todas essas moças e dizer que em todos os momentos em que eu me transporto pro mundo dos blogs, fiquem certas de que eu vou a procura de vocês...ler os outros faz um bem só.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Meu amor Manu

Filha, quero te dizer que te amo demais, desculpe-me se as vezes não sou a mamãezinha dos sonhos, é que a vida é tão diferente dos contos de fadas, mas tudo que eu faço é pensando em ti, no teu futuro e principalmente na tua segurança e felicidade. Me acho a ultima das mães quando tu me pedes pra ler uma historinha e eu não leio, quando me pedes algum favor e estou ocupada demais pra te ajudar, quando perco a paciência ao te ensinar matemática. Sabe filha, quando tu cresceres quero que tenhas doces lembranças da tua magnífica infância, que apesar da nossa simplicidade, vez ou outra satisfazemos tuas vontades consumistas. Que tu sejas filha, uma mulher sem medos e sem traumas, apenas feliz,feliz e feliz.

Da tua mãezinha que só é feliz, quando te vê feliz.

domingo, 14 de novembro de 2010

Casa de Antonio Tavernard

Resolvi postar esta reportagem, por conta da imensa tristeza que sinto ao ver Icoaraci entrar em ruínas, junto com os seus casarões, que fazem parte da História da Vila Sorriso. Quando eu estudava na Escola Municipal Avertano Rocha (que hoje também é apenas ruínas), nas horas de folga eu visitava a casa de Antonio Tavernard, que funcionava como acervo do autor, seus trabalhos eram expostos ao público. Era uma delícia estar ali, em frente ao rio, e casas antigas sempre me deixam maravilhada, fui aquele lugar diversas vezes. Por isso mesmo, olhar o estado em que se encontra aquele lugar, é deprimente, chego a lágrimas por se tratar também da minha história. Meu amigo/irmão Evanildo tem o mesmo sentimento de descaso que eu. Vou aproveitar esse post pra deixar um beijo e um abraço a ele, que também é minha história, meu mano Eva.



Casa em que viveu Antônio Tavernard está em ruínas

DIEGO ANDRADE - PUBLICADO NO DIÁRIO DO PARÁ DE 23/02/2009

Das paredes em estilo colonial, só restam escombros e colunas que mal se sustentam. Portas e janelas já vieram abaixo pela ação do tempo. O mato tomou conta de todo o interior do imóvel, com raízes espalhadas naquele que deveria ser um patrimônio histórico preservado, um testemunho da vida e obra do autor e também um dos tesouros históricos de Icoaraci, que a cada ano vê seus casarões desaparecerem nas estações chuvosas.

O ator e estudante universitário Evanildo Mercês desabafa ao relatar o estado da edificação. “Essa situação é um desrespeito à sociedade paraense. A casa que deveria ser, pela sua forte simbologia, um espaço dinâmico da linguagem literária ou de realização de atividades artístico-culturais permanentes não passa de ruínas invadidas pelo matagal da área que cresce a cada dia, destruindo os restos mortais do prédio, dando, ao mesmo tempo, lugar a uma paisagem urbana desastrosa, fedida e aterradora”, diz ele.

Entre os moradores que frequentam as proximidades do local, é comum perceber movimentações de mendigos e assaltantes, que utilizam o terreno como ponto de esconderijo durante a noite.

Procurados pelo Diário do Pará, os órgãos públicos apontam possíveis motivos para a situação da velha casa. Segundo a assessoria da Secretaria de Cultura do Estado (Secult), a casa do poeta foi repassada à Secretaria de Segurança Pública (Segup) ainda na administração anterior. Durante esse período, a casa ficou sem nenhuma manutenção. Ainda de acordo com a assessoria, a Secult está começando um processo de negociação com a Segup para retomar o imóvel e, desta forma, realizar um projeto de revitalização. A Segup também foi procurada pela equipe de reportagem, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

A questão é que o imóvel, de grande importância histórica está preso entre os trâmites burocráticos do poder público. Se o governo não as- sumir a responsabilidade pelo local, não sobrarão nem as colunas da casa como testemunhas da história do poeta. Aliás, a casa está tão deteriorada, que só é possível reconhecê-la graças a uma placa trilíngue (em português, inglês e francês) com os seguintes dizeres: “Casa do Poeta Antônio Tavernard. Casarão antigo do século passado”. (Belém-PA/Diário do Pará)
Faleceu vítima da hanseníase, incurável nos tempos do poeta. Fiquemos, portanto, com três  raríssimas jóias produzidas pelo vasto universo da mente de Tavernard.
ÚLTIMA CARTA

        "Sobre o leito de morte do poeta, foi
         encontrado esse papel cheio de letras
         trêmulas e manchado de lágrimas".

Por que não me vens ver? Estou doente...
É possível que morra com o luar...
Anda, lá fora, um vento, tristemente,
as ilusões das rosas a esfolhar.
E, aqui dentro, na alcova penumbrada,
onde arquejo, sozinho, sem sequer
a invisível presença abençoada
de um pensamento meigo de mulher,
há o desconsolo imenso, a imensa dor
de alguém que vai morrer sem seu amor...

De quando em quando,
o coração, que sinto
cada vez mais cansado, se arrastando,
marcando o tempo, recontando as horas,
pergunta-me, num sopro quase extinto,
quando é que virás...
Volta depressa, sim?... Se te demoras,
já não me encontrarás...

Ouço, longe, a gemer de harpas eólias...
É de febre... Começo a delirar...

Desabrocham, no parque, as magnólias...
Vem surgindo o luar...
E, como a luz do luar que vem nascendo,
eu vou aos poucos, meu amor, morrendo...
 SONHOS DE SOL

“Nesta manhã tão clara é sacrilégio
o se pensar na morte. No entanto
é no que penso úmidos de pranto
os meus olhos cansados.

Sortilégio
de luz pela cidade... As casas todas,
humildes e branquinhas
lembram gráceis e tímidas mocinhas
no dia de suas bodas.

Morrer assim numa manhã tão linda,
risonha, rosicler,
não é morrer... é adormecer ainda
na doce tepidez de um seio de mulher!
Não é morrer... é só fechar os olhos
Para melhor sentir o cheiro do jasmim
Escondido da renda nos refolhos!...
Ah! Quem me dera que eu morresse assim.



SIMILITUDES


Nasci em frente ao mar.
Meu primeiro vagido
misturou-se ao fragor do seu bramido

Tenho a vida do mar!
Tenho a alma do mar!

A mesma inquietude indefinível,
que nele é onda, e é em mim anseio,
faz-nos tremer, faz-nos fremir, faz-nos vibrar.
Às vezes, creio
que da minha loucura do impossível
sofre também o mar.
Tenho a sua amplidão iluminada
- o meu amor; e seu velário de brumas
- minha mágoa.
Ruge a tormenta... e o que ele faz com a frágua:
embates colossais,
faço com a minha fé petrificada...
té que tudo se extingue em turbilhões de espumas
e de lágrimas... Destinos abismais!...

Guarda em si tempestades que estraçoam,
Cóleras formidáveis em mim guardo...
Sobre o meu pensamento, idéias voam,
voam alciões sobre o seu dorso pardo...

Meu gigantesco irmão,
Senhor do cataclismo,
se tens, por coração, um negro abismo,
eu tenho, por abismo, um coração.
Dentro de ti, quantos naufrágios, quantos,
de naves rotas pelos vendavais?!...
E, dentro de mim, sob aguaçais de prantos,
quantos naufrágios, quantos, quantos,
de sonhos, de ilusões e de ideais?!...

Faço trovas a alguém que não posso beijar
tal como tu, na angústia de querê-las
sem as poder tocar,
fazes, nas noites brancas de luar,
serenatas inúteis às estrelas...

Sou bem fraco, porém, e tu és forte...
Nada te vencerá, há de vencer-me a morte...
Embora!... Mar morto, água dormida
que por mais nada nem de leve ondeia,
hei de deixar meus versos pela vida,
como tu deixas âmbar pela areia!...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Feliz aniversário, Marie.

Organizando umas apostilas do Cleber, encontrei um rascunho e li. Vou postar aqui, sem nada dizer a ele.

"Quero te agradecer pelo curto tempo que passaste por nossas vidas, nos dando incontáveis e inesquecíveis momentos de felicidade, dispensando-nos um amor que ser humano nenhum, em tempo algum, será capaz de sentir e muito menos demonstrar por alguém, incondicional, desinteressado, isento de qualquer defeito peculiar do homem. O puro sentimento que a natureza dotou todos os seres, mas que só contigo podemos ter uma noção distante, talvez, do que do que poderíamos saber sobre o amor. Deve ser esse o amor que os crentes exaltam e remetem a Deus .Me sinto um pretensioso em tentar descrever, mas é só porque procuro palavras para te agradecer e te pedir perdão por deixar que algo tão inominavel te acontecer. Nessas horas, só me resta apelar para algo que teimo em não confiar, que exista um céu, um paraíso , que receba as almas das pessoas boas e dos animais, estes isentos de qualquer pecado. Que tu tenhas grandes campos pra correr e brincar e ser feliz de uma forma que nós não poderíamos te proporcionar. Feliz aniversário, Marie. 09/11/2010"

O gato e a cadela.

Manuelle desceu pra tomar o café da manhã , tristonha, e quando perguntei o porque(eu já sabia a resposta) ela disse que sentia a falta da Marie.Deixei ela viver aquele momento.
Depois que o Cleber e ela sairam, veio um gatinho chamar pela Marie, digo isso porque esse gato vinha brincar com a Mariezinha, ficavam correndo um atrás do outro, brincando mesmo. Não sei de onde ele vem, aparece por aqui fica um pouco e depois some. Ontem ele veio, parou na minha porta e miou muito,alto, logo entendi que ele procurava por ela, segurei o choro. Marie deixou saudades nos humanos e em outros animais, diferentes de sua espécie. Achei lindo.




quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Saudade doi demais...

Tanta saudade
Aqui dentro de mim,        
Ainda não acostumei
Com a ausência.

Minha avozinha e
Minha peludinha,
Ambas queridas e amadas
Saudade doi demais,
Será que mata?

Mi Pires

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ponte do Arco Íris.

2010 não está sendo o melhor ano pra mim, perdi amigo, perdi vizinhos, minha avozinha também partiu, e agora minha cachorrinha me deixou. Dor imensa. Saudade colossal. 
Ontem fomos pra casa da minha sogra, um almoço especial foi preparado pro Rodrigo por seu aniversário,  enquanto eu preparava uma sobremesa, notei a ausência da Marie e no mesmo instante fui a sua procura, no pátio minha cachorrinha agonizava, fiquei transtornada e pedi que ligassem pra Milena (minha irmã que é veterinária), mas a Marie não suportou, quando cheguei no consultório ela já estava morta. Fiquei aos prantos, logo em seguida o Cleber chegou e também chorou muito. Manuelle que sabia que ela estava passando mal, nos aguardava em frente de casa, e quando eu falei que a Marie tinha ido pro céu, se pos a chorar. Ficamos inconsolados. Marie comeu veneno.


Erika, deixou no seu blog esse texto lindo, em homenagem a Marie. Obrigada Erika. Eu acredito nisso.



Meus pretos e minha Marie.
Bem do ladinho do céu tem um lugar chamado Ponte do Arco Íris. 
Quando morre um animal que foi especial para alguém daqui, esse animal vai para Ponte do Arco Íris. 
Lá existem riachos e colinas para que todos os nossos amigos possam correr e brincar juntos . 
Tem muita comida, água e sol, e nossos amigos estão quentinhos e confortáveis. . 

Todos os animais que estavam velhos e doentes voltaram a ter vigor e saúde; aqueles que estavam machucados ou aleijados estão inteiros e fortes novamente, exatamente como nas nossas lembranças dos tempos que já se foram. 
Os animais estão felizes e contentes, exceto por uma coisinha: cada um deles sente falta de alguém muito especial , que teve que ficar para trás. 

Todos correm e brincam juntos, mas chega o dia quando um subitamente para e olha para longe. Seus olhos brilhantes estão atentos; seu corpo treme de ansiedade. De repente ele começa a correr para longe do grupo, voando sobre o gramado verde, suas pernas indo mais e mais rápido. 

Você foi avistado, e quando você e o seu amigo finalmente se encontrarem, vocês se abraçam numa reunião feliz, para nunca serem separados novamente. Os beijos alegres chovem sobre o seu rosto; suas mãos afagam de novo a cabeça amada, e você pode olhar mais uma vez nos olhos confiantes do seu amigo, ausentes há tanto tempo da sua vida mas nunca longe do seu coração. 

Aí vocês cruzam juntos a Ponte do Arco Íris.... 

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O SOFÁ DE MINHA AVÓ

Procurando alguma poesia para minha avó, achei esse texto. Gostei e postei.


Texto de Gê Muniz

Era todo prateado. Parecia-se com o assento especial de uma confortável nave interestelar e caberiam nele ao menos três astronautas. O móvel tinha acabado de entrar pela porta da sala da casa de minha avó. Na verdade era um sofá velho que fora reencapado com um tecido em tom prata ou chumbo rutilante, de gosto extremamente duvidoso mas que, para a época, deveria ser o máximo em modernidade. Nem pensei duas vezes e um abraço: aquela maravilha merecia uma decoração ainda mais rica. Saquei um pedaço de giz de cera vermelho da minha surrada caixinha de lápis e, com esmero próprio de um ser de um metro e pouco, desenhei motivos infantis daqueles que só as crianças adoram dar de presente às paredes caiadas, exceto que utilizando para isso o encosto do sofá. Demorei um bom tempo com o desenvolvimento conceitual da composição, mas terminei por falta de lugar no encosto para mais. E olhe que mais espaço ali houvesse, eu poderia compor facilmente um famoso mural, tipo... Guernica. Decepção: minha obra não foi em nada apreciada pelo tanto de tapas na mão e no bumbum que tomei quando minha avó e minha mãe entraram na sala e deram de cara, estupefatas, com a obra, ainda quente, pronta. E olha, elas se revezavam nos doídos safanões. Nunca mais as "senti" assim. Concordo que abusei. Meu afresco era "muito informação" para as duas. Depois do impacto inicial, ficaram de par, uns bons minutos digerindo desoladas os grossos rabiscos impregnados no sofá, como fazem hoje os críticos de arte abstrata - Vamos tentar limpar estes rabiscos, Lene – disse minha avó, primeira e última a falar em tom empastado, para minha mãe. Enquanto eu assistia com os olhos esbugalhados do choramingo decorrente dos tapas, as duas procuraram eliminar os riscos de cera, desesperadamente, por longo, longo tempo... Mas eu era melhor. Acontece que acertei na mosca quanto ao material utilizado naqueles desenhos, pois, se feitos com caneta esferográfica creio que não fosse tão dificultoso de serem apagados e não deixassem tantos sulcos profundos no estofado. Depois de um longo tempo gasto com várias tentativas infrutíferas as duas sentaram-se sobre as minhas maravilhosas figuras destacadas no sofá, prostradas e vencidas pela alta qualidade e tecnologia do trabalho realizado por mim. Por muitos anos ainda pude apreciar enquanto crescia aquele sofá prateado encardindo sem perder as marcas definitivas de meus traços artísticos, como um legado à família. Devo ter sido pintor rupestre dos bons em outra encarnação...

[Quero o meu sofá mural de volta.
Quero meu giz de cera
vermelho de volta, aqui, nas minhas mãos.
Quero poder fitar a minha avó e minha mãe
nos olhos, droga...
Queria chorar só com dor de tapas da mãe,
como é bom...
Choraria entre sorrisos com os tapas dela,
surpreso e grato por tudo apanhar de volta
entre as faces de meu bumbum mancebo]

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vai vó, vai em paz...

Finalmente os anjos do Senhor vieram buscar minha avó, digo isso porque todo sofrimento pelo qual ela passou, acabou. Minha avó deixou de se alimentar, e sua vida foi se esvaindo. Sofremos a cada minuto, e pediamos a Deus que cessasse tanta sofreguidão. Ficamos ao lado de minha avó até o ultimo respirar, até a ultima batida do seu coração, pra nós foi uma dor intensa, cortante e massacrante. Fechei os olhos de minha avó. E espero que quando ela abra novamente, esteja num jardim bem grande, o jardim de Deus, e que possa descansar como flor que era, perfumada, bonita e amada, muito muito amada.

Saudades Vó, todos sentiremos muita saudade.
Te amaremos sempre.

sábado, 30 de outubro de 2010

Voo livre

Minha avó Jacira gostava muito do canto dos pássaros, ela passou a infância no mato. Quando eu era criança, minha avó mantinha em sua casa pelo menos dois passarinhos, cada um na sua gaiola. Eu nunca gostei disso, sentia uma vontade grande de abrir aquela portinha e assistir ao voo livre dos pássaros. Mas nunca tive coragem pra isso. Com o tempo ela deixou essa prática de lado, para a alegria dos penosos e da minha alegria também.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Vó Jacira

Minha avó materna se chama Jacira. Adulterou a certidão de nascimento para poder casar. Casou com Henrique Pires, teve 11 filhos (dois já falecidos). Minha avó tem Alzheimer, começou esquecendo o nome dos objetos e depois o nome dos filhos. Triste mesmo foi quando vovó passou a não reconhecer alguns dos filhos e começou a despreza-los, enxotando de sua casa e de baixo de sua asa, vovó também começou a bater, quando   tentavam leva-la para onde ela precisava ir, e ela não queria ir, ela batia, todos apanharam e a pancada que recebiam feria-lhes a alma.
Já tem mais de uma semana que vovó não come e nem bebe nada, já tomou soro no hospital, mas mais nada pode ser feito, e é ai que as forças dos filhos vão e vem. Ela completou no ultimo dia 18, 86 anos.
Completamente debilitada e com momentos de pequenas agonias minha avó espera pela morte. Cabe aos filhos ficarem ao seu lado 24 horas por dia, entre chás de camomila e melissa, lenços nas mãos e no caso de minha mãe, minha tia Luci e tia Maria, precisam também de remédios para controlar a pressão. Todos fazem carinhos e estão dispostos a ela, mas é tão difícil ver tudo isso, olhar a agonia de quem amamos. A nossa casa tem cheiro  de lágrimas e gosto de tristeza. Quando a minha vó for embora, vai ficar cheiro e gosto de saudade.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Uma tira rosa- NEGATIVO

Uma tira rosa- NEGATIVO. Essa é a descrição num resultado negativo dum teste de gravidez.
Já estava a quase uma semana com alguns sintomas de que eu estivesse grávida, olhava pra comida e sentia aquela repulsa,algumas dores nas pernas, e cansaço. Estava feliz com a possibilidade. Mas ao realizar o tal exame, NEGATIVO, dizia a legenda da unica tira rosa que me aparecia. Depois de uns minutos me dirigi à palavra ao meu amor, e ele disse"poxa!" com um ar de tristeza. Eu chorei sozinha, queria muito esse ser pequenino dentro de mim, fruto de um amor agora mais maduro.
Resta saber agora o porque desse desconforto em mim, durante o dia notei que melhorei, mas uma tristeza ainda paira no meu coração.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Queijadinha

Receitinha de queijadinha, duas. Ainda não fiz nenhuma, mas está nos meus planos.

1ª Receita: A tradicional queijadinha em uma versão fácil de fazer

Ingredientes

1 lata de leite condensado

1 pacote de côco ralado, ou 2 xícaras de chá de côco fresco

2 colheres de sopa de queijo ralado

2 gemas de ovo

Preparo

Misture tudo muito bem. Despeje a massa em forminhas e leve ao forno quente (200 graus) em banho maria, até que fiquem douradas.

2ª Receita: Esse se chama BOLO QUEIJADINHA NO MICROONDAS 
  • 500 ml de leite
  • 4 ovos
  • 6 colheres de sopa de farinha de trigo
  • 1 lata de leite condensado
  • 2 colheres de sopa de açúcar
  • 100 g de coco ralado
  • 100 g de queijo parmesão ralado
  • Calda:
  • 6 colheres de sopa de água
  • 6 colheres de sopa de açúcar

    1. Faça a calda misturando o açúcar com a água em uma forma apropriada
    2. Leve ao micro-ondas por 6 minutos na potência alta, ou até caramelizar
    3. Reserve
    4. Bata no liquidificador todos os ingredientes do bolo e despeje na forma caramelizada
    5. Leve ao micro-ondas por 10 minutos na potência alta
    6. Deixe esfriar um pouco e desenforme
    7. Sirva gelado

sábado, 9 de outubro de 2010

Beny

-Eiiiiiiiiiii Graçaaaaaaaaaaaaaaa...
Assim ele anunciava sua chegada na casa da minha tia Ana, e trazia sua alegria estampada em sua risada escandalosa e contagiante. Homossexual assumido (pelo menos perante seus amigos), Beny era muito querido entre meus familiares e vizinhos. Vaidoso, sempre com os cabelos bem aparados e arrumados, bem vestido na sua simplicidade e cheiroso. Esse era o Beny que eu conhecia...Ah e Beny também nos arrancava boas gargalhadas com seu humor descontraido. Beny morreu devido um quadro avançado de tuberculose, ele era portador de HIV.
Na pobreza de sua família, vi de longe a peleja para conseguirem um leito de hospital. Beny padecia em sua humilde casa, compadecida uma amiga/mãe o levou para morar na casa dela, onde teria tranquilidade e receberia melhores cuidados. Para a alegria de todos Beny conseguiu internação no hospital Barros Barreto, mas pouco tínhamos informações sobre seu estado, pois sua mãe pouco falava a respeito(não sei dizer o porque). Beny faleceu no dia 6 deste mês, numa quarta-feira de alegria, pois meu sobrinho completava 11 anos de idade. A noite fui ao seu velório, Beny estava magrinho, os olhos bem fundos, apesar do semblante sereno, eu não conseguia imaginar quais dores Beny havia suportado. Vários amigos estavam reunidos para se despedirem de Beny, todos falavam baixinho, todos traziam em seus olhares vermelhos e úmidos, uma saudade,uma vontade de reverter tudo aquilo, e ouvir novamente aquela voz macia. Beny foi descançar em Colares, interior do Pará, de onde vinha suas raízes.







Deixou uma saudade bem delicada, com cheiro de patchouli.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Filha

Filha, quero te dizer que te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo,te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo, te amo...
No sábado passado André, Cleice, Cleber e eu fomos ao Castanheira, fomos locar alguns filmes na Fox, e fui tentar a sorte de encontrar algum filme de meu interesse no balcão de promoções, nunca tenho essa tal sorte...mas de repente me deparo com um Almodóvar e o agarro contra o peito e grito-" É meu!" . Claro, o disco está um pouco arranhado, mas em nada prejudica o conteúdo, o filme se chama VOLVER, com Penélope Cruz e Carmem Maura, já o tinha visto e claro amei. Volver é o primeiro filme de Almodóvar a fazer parte da minha coleção e ainda paguei apenas R$ 6,90. Que sorte!

Eleições 2010

No último dia 3, houve eleição no Brasil, para os cargos de Presidente,governador, senador e deputados federal e estadual.
Minha candidata infelizmente não foi eleita. Votei Marina Silva, porque acredito na força e inteligência dessa pequena mulher, que como eu defende principalmente a família e seus direitos. José Serra e Dilma Roussef foram para o segundo turno.
Para governador do Pará, votei no Fernando Carneiro, que também não conseguiu ser eleito. E terá segundo turno para eleger Ana Julia(nossa atual governadora) e Simão Jatene.
Fiquei triste e não sei em quem votar, acho que dessa vez quem vai merecer meu voto é um botãozinho bem branquinho que fica numa tal urna eletrônica. Alguém tem algo a me dizer?
Marina Silva

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A fome de Marina

"... a falta de bens materiais já é bastante ruim, mas unida à pobreza espiritual é mortífera"
(Steve Biko) 

A FOME DE MARINA
Prof. José Ribamar Bessa Freire*                                                            

Há pouco, Caetano Veloso descartou do seu horizonte eleitoral o presidente Lula da Silva,
justificando: “Lula é analfabeto”. Por isso, o cantor baiano aderiu à candidatura da     
senadora Marina da Silva, que tem diploma universitário. Agora, vem a roqueira Rita Lee  
dizendo que nem assim vota em Marina para presidente, “porque ela tem cara de quem  está 
com fome”.                                                                               

Os Silva não têm saída: se correr o Caetano pega, se ficar a Rita come.Tais declarações 
são espantosas, porque foram feitas não por pistoleiros truculentos, mas por dois        
artistas refinados, sensíveis e contestadores, cujas músicas nos embalam e nos ajudam a  
compreender a  aventura da existência humana.                                            

Num país dominado durante cinco séculos por bacharéis cevados, roliços  e enxudiosos,    
eles naturalizaram o canudo de papel e a banha como  requisitos indispensáveis ao        
exercício de governar, para o qual os  Silva, por serem iletrados e subnutridos, estariam
despreparados.                                                                           

Caetano Veloso e Rita Lee foram levianos, deselegantes e preconceituosos. Ofenderam o    
povo brasileiro, que abriga, afinal, uma multidão de silvas famélicos e desescolarizados.
De um lado, reforçam a idéia burra e cartorial de que o saber só existe se for sacramentado pela escola e que tal saber é condição sine qua non para o exercício do poder. De outro, pecam querendo nos fazer acreditar que quem está com fome carece de qualidades para o exercício  da representação política.                        

A rainha do rock, debochada, irreverente e crítica, a quem todos admiramos, dessa vez   
pisou na bola. Feio.“Venenosa! Êh êh êh êh êh!/ Erva venenosa, êh êh êh êh êh!/ É pior do
que cobra cascavel/ O seu veneno é cruel…/ Deus do céu!/ Como ela é maldosa!”.           
Nenhum dos dois - nem Caetano, nem Rita - têm tutano para entender esse Brasil profundo 
que os silvas representam.                                                               

A senadora Marina da Silva tem mesmo cara de quem está com fome? Ou se  trata de um     
preconceito da roqueira, que só vê desnutrição ali onde  nós vemos uma beleza frágil e   
sofrida de Frida Kahlo, com seu cabelo  amarrado em um coque, seus vestidos longos e seu 
inevitável xale? Talvez Rita Lee tenha razão em ver fome na cara de Marina, mas se  trata
de uma fome plural, cuja geografia precisa ser delineada. Se for fome, é fome de quê?                                                                     

O mapa da fome:                                                                         

A primeira fome de Marina é, efetivamente, fome de comida, fome que roeu sua infância de
menina seringueira, quando comeu a macaxeira que  o capiroto ralou. Traz em seu rosto as 
marcas da pobreza, de uma fome  crônica que nasceu com ela na colocação de Breu Velho,   
dentro do  Seringal Bagaço, no Acre. Órfã da mãe ainda menina, acordava de madrugada,    
andava quilômetros para cortar seringa, fazia roça, remava, carregava água, pescava e até
caçava. Três de seus irmãos não agüentaram e acabaram aumentando o alto índice de        
mortalidade infantil.                                                                    

Com seus 53 quilos atuais, a segunda fome de Marina é dos alimentos que, mesmo agora,   
com salário de senadora, não pode usufruir: carne vermelha, frutos do mar, lactose,      
condimentos e uma longa lista de uma  rigorosa dieta prescrita pelos médicos, em razão de
doenças contraídas  quando cortava seringa no meio da floresta. Aos seis anos, ela teve o
sangue contaminado por mercúrio. Contraiu cinco malárias, três  hepatites e uma          
leishmaniose.                                                                            

A fome de conhecimentos é a terceira fome de Marina. Não havia escolas  no seringal. Ela
adquiriu os saberes da floresta através da experiência e do mundo mágico da oralidade.   
Quando contraiu hepatite, aos 16 anos, foi para a cidade em busca de tratamento médico e 
aí mitigou o apetite por novos saberes nas aulas do Mobral e no curso de Educação        
Integrada, onde aprendeu a ler e escrever.                                               

Fez os supletivos de 1º e 2º graus e depois o vestibular para o Curso de História da    
Universidade Federal do Acre, trabalhando como empregada doméstica, lavando roupa,       
cozinhando, faxinando. Fome e sede de justiça: essa é sua quarta fome. Para saciá-la,    
militou nas Comunidades Eclesiais de Base, na associação de moradores de seu  bairro, no 
movimento estudantil e sindical. Junto com Chico Mendes,  fundou a CUT no Acre e depois  
ajudou a construir o PT.                                                                 

Exerceu dois mandatos de vereadora em Rio Branco , quando devolveu o  dinheiro das      
mordomias legais, mas escandalosas, forçando os demais  vereadores a fazerem o mesmo.    
Elegeu-se deputada estadual e depois  senadora, também por dois mandatos, defendendo os  
índios, os trabalhadores rurais e os povos da floresta. Quem viveu da floresta, não quer 
que a floresta morra.                                                                    

A cidadania ambiental faz parte da sua quinta fome. Ministra do Meio Ambiente, ela criou 
o Serviço Florestal Brasileiro e o Fundo de Desenvolvimento para gerir as florestas e    
estimular o manejo florestal. Combateu, através do Ibama, as atividades predatórias.     
Reduziu, em três anos, o desmatamento da Amazônia de 57%, com a apreensão de um  milhão  
de metros cúbicos de madeira, prisão de mais 700 criminosos  ambientais, desmonte de mais
de 1,5 mil empresas ilegais e inibição de  37 mil propriedades de grilagem.              

Tudo vira bosta. Esse é o retrato das fomes de Marina da Silva que - na voz de Rita Lee 
- a descredencia para o exercício da presidência da República porque, no frigir dos ovos,
“o ovo frito, o caviar e o cozido/ a buchada e o cabrito/ o cinzento e o colorido/ a     
ditadura e o oprimido/ o prometido e não cumprido/ e o programa do partido: tudo         
vira bosta”.                                                                            

Lendo a declaração da roqueira, é o caso de devolver-lhe a letra de outra música - ‘Se  
Manca’ - dizendo a ela: “Nem sou Lacan/ pra te botar no divã/ e ouvir sua merda/ Se      
manca, neném!/ Gente mala a gente  trata com desdém/ Se manca, neném/ Não vem se achando bacana/ você é  babaca”. Rita Lee é babaca? Claro que não, mas certamente cometeu uma babaquice.                                                                               

Numa de suas músicas - ‘Você vem’ - ela faz autocrítica antecipada, confessando: “Não    
entendo de política/ Juro que o Brasil não é mais chanchada/ Você vem… e faz piada”. Como
ela é mutante, esperamos que faça um gesto grandioso, um pedido de desculpas dirigido  ao
povo brasileiro, cantando: “Desculpe o auê/ Eu não queria magoar  você”.                 

A mesma bala do preconceito disparada contra Marina atingiu também a                     
ministra Dilma Rousseff, em quem Rita Lee também não vota porque, “ela  tem cara de     
professora de matemática e mete medo”. Ah, Rita Lee conseguiu o milagre de tornar a      
ministra Dilma menos antipática! Não usaria essa imagem, se tivesse aprendido elevar uma 
fração a uma potência, em Manaus, com a professora Mercedes Ponce de Leão, tão fofinha,  
ou com a nega Nathércia Menezes, tão altaneira.                                          

Deixa ver se eu entendi direito: Marina não serve porque tem cara de fome. Dilma, porque
mete mais medo que um exército de logaritmos, catetos, hipotenusas, senos e co-senos.    
Serra, todos nós sabemos, tem cara de vampiro. Sobra quem? Se for para votar em quem tem 
cara de quem comeu (e gostou), vamos ressuscitar, então, Paulo Salim Maluf ou Collor de  
Mello, que exalam saúde por todos os dentes. Ou oSarney, untuoso, com sua cara de        
ratazana bigoduda. Por que não chamar o José Roberto Arruda, dono de um apetite voraz e  
de cuecões multi-bolsos? Como diriam os franceses,  “il péte de santé”. O banqueiro      
Daniel Dantas, bem escanhoado e já desalgemado, tem cara  de quem se alimenta bem. Essa é
a elite bem nutrida do Brasil…                                                           

Rita Lee não se enganou: Marina tem a cara de fome do Brasil, mas isso não é motivo para
deixar de votar nela, porque essa é também a cara daresistência, da luta da inteligência 
contra a brutalidade, do milagre da sobrevivência, o que lhe dá autoridade e a credencia 
para o exercício de liderança em nosso país.                                             

Marina Silva, a cara da fome? Esse é um argumento convincente para votar nela. Se eu tinha alguma dúvida, Rita Lee me convenceu definitivamente.
(*) José Ribamar Bessa Freire                             
Professor, coordena o Programa de Estudos dos Povos Indígenas                       
(UERJ) e pesquisa no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (UNIRIO)