quinta-feira, 26 de maio de 2016

Hoje não foi um dia fácil, filha. Te falei rápido sobre isso pra não te deixar chocada. Mas uma moça de 17 anos foi estuprada por pelo menos 30 homens, no Rio de Janeiro.

No final da noite a notícia que recebemos é de que ela está viva e vai ficar bem. Não sei dimensionar o ELA VAI FICAR BEM.

Como mulher, mãe e feminista chorei. Por ser mulher, pelas lembranças da infância e adolescência onde homens asquerosos ousaram encostar no meu corpo para seu prazer. A inocência de uma criança não importou, não foi relevante para que não se cometesse o abuso.

Por ser mãe eu não pontuarei nada por que somente de pensar fico prestes a enlouquecer. Só eu sei o quanto já enlouqueci a cada vez que fico distante de ti.

O meu sentimento por todas as pessoas nascidas fêmeas é de um amor imenso, coletivo. E minha luta é por todas nós, por todas as mulheres que são exploradas pelo sistema patriarcal desde o nosso nascimento até a nossa morte.

Espero que tu se junte a nós, filha. Posso entregar minha vida pra te ver livre de qualquer homem que ouse te encostar. Mas primeiro vou matá-lo.

terça-feira, 24 de maio de 2016

DEPOIS DE 4 ANOS, VOLTO AO BLOG.

Nossa, tanto tempo que eu não vinha aqui. Exatamente 4 anos. 
E nesses 4 anos tanta coisa mudou na minha vida! Grandes coisas aconteceram. 

Continuo na mesma casa, na mesma família mas minha concepção das normalidades já não batem com os antigos pensamentos. Com o tempo irão perceber do que falo. 

À minha filha deixo um beijo singelo mas o amor que cabe nele é arrebatador. 
E é pra ela que continuarei escrevendo aqui. 

Até mais

sábado, 1 de dezembro de 2012

Minha menina de 9 anos

Acho que já tem mais de 1 ano que não posto nada por aqui.  Eu estou bem, minha filha está bem, meu marido também. Minha mãe, meu pai e minhas irmãs e sobrinhos também estão bem. Só estou bem, quando eles estão bem.

Minha filha tá crescendo e já não tenho mais somente uma criancinha, ela pouco a pouco tá se transformando em mocinha. Tenho tanto medo do mundo que a cerca.

Mas...



Filha, eu te amo.


Meu trabalho, minha faculdade e minha vida não tem sentido sem a tua presença. Cresça, mas seja sempre a menininha da mamãezinha tá?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia de Finados


Tem 1 ano e 2 dias que minha avó se foi. De lá pra cá muita saudade.Uma vontade de chegar em sua casa e  vê-la tomando um cafezinho, ir na sua sala e encontrá-la tirando uma soneca na sua poltrona amarela. Saudade da minha avó.


Encontrei no blog da Silmara Franco , uma crônica que retrata bem o dia de hoje. Peço licença pra Silmara, e publico aqui o texto:



Foi no dia de Finados que meus pais se conheceram. Ele gosta de começar a história assim: “No dia dos mortos, dois vivos se encontraram”. Ela morreu no dia dos Namorados. Ainda não compreendi direito a relação que existe entre o amor e a morte. Só sei que no calendário um vem antes do outro.
Nunca visitei o lugar onde as cinzas de minha mãe foram lançadas. Combinamos: ela é quem me visita. Em sonho, roupa, fotografia, receita de panqueca. De tempos em tempos, tomamos um chá da tarde. Mas falta algo nesses encontros. A xícara dela está sempre vazia.
Quando meu irmão mais velho entrou na faculdade, ela descobriu que estava doente. Escondeu a doença dos três filhos. Ao fazer isso, escolheu o caminho mais longo para salvar sua vida e, ao mesmo tempo, o mais curto para o fim dela. Só procurou o médico cinco anos mais tarde, depois da festa de formatura. Teve tantos medos antes disso. De parar de trabalhar, de meu irmão não poder continuar os estudos, num dominó de receios sem sentido. Passados cinco anos daquela festa, a família se reuniu novamente. Desta vez, sem nada para comemorar.
Até hoje meu pai faz poesias para minha mãe. Na sua academia particular de letras, ela é a sua imortal. Sempre que ele vê os netos, lamenta ela não ter conhecido nenhum. Um pesar logo substituído pelas novidades do dia, as eleições, o calor, o livro que ele está lendo. É bom assim. Distração é o melhor remédio para a saudade.
Ontem encontrei o gorro dela, de lã cor de vinho, guardado no meu armário. Ainda tem a borboletinha verde costurada nele, ideia dela para aproveitar o enfeite que caíra de um grampo. Na verdade, o gorro era meu e acabou ficando para ela, que o usava para se aquecer nos dias gelados, já sem cabelos por causa da quimioterapia. Agora ela não precisa mais dele, eu sim. Como é que se põe gorro no coração? Às vezes, o meu sente tanto frio.
***
Aqui no quintal as sementes de ipê brotaram, e a amoreira da rua de cima está carregada. Meu filho aprendeu a escrever, vive me mandando bilhetinhos escrito “eutiadoro”, assim, com i e tudo junto. O machucado do meu dedo já nem dói mais. A filha da minha amiga nasceu e eu acertei fazer moqueca. No dia dos mortos, é bom falar de amor.

domingo, 24 de julho de 2011

Amy is dead

Nunca ouvi o canto do Uirapuru, pássaro encantado daqui da Amazônia. Mas quando ouvi pela primeira vez, a voz maviosa de Amy Winehause fiquei encantada, e silenciosa escutei aquela canção, nem queria saber o que ela estava querendo dizer com a letra, apenas senti a magia.
Não estou exagerando, juro.

Hoje, no mundo todo a notícia: Amy está morta.

Perda para o mundo musical. Perda para os meus ouvidos.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Poema para você (Palavras de catarro)

Sem nada a dizer, deixo esse poema pra você.

Desaba de manhã,
Como uma grande implosão
esta segunda-feira,
E mesmo com a fiel astenia
Faço-te referências em meu dia.
Há vários dias,
Que estou com você por aqui
Pra você é esse poema tossido,
Palavras de catarro
São para você,
Vírus verbais são para você.
Esse poema é para você
(fique vulnerável)
Esse poema é para você adoecer,
É para você hospitalizar-se
Em meu esquecimento.
É para você apodrecer,
Esse poema é para você morrer.

De Marko da Lama

quinta-feira, 5 de maio de 2011

O fabuloso destino de Amélie Poulain.

Outro dia, disse ao meu marido que o próximo filme que quero é: O fabuloso destino de Amélie Poulain.
Passeando pelo tio Google, encontrei um texto de Mari Espada, e resolvi posta-lo aqui. É bem o que eu penso.

"Amélie Poulain é o meu refúgio em dias tristes. E confesso ter fugido para o seu mundo muitas vezes nessas últimas semanas, e que vou fugir sempre que precisar redescobrir as pequenas felicidades da vida.
Por isso bateu-me a vontade de escrever sobre esse espetacular filme lançado há 10 anos, mas que é atemporal e conversa com os corações de todas as pessoas em todas as épocas.
Amélie descobrindo o amor.
Como diz o narrador do filme, Amélie é filha de “um refrigerador e uma neurótica”, e assim passou por uma infância incomum. Seu pai era médico, uma pessoa tão fria e avessa a carinhos que o único toque que estabelecia com a filha era através do estetoscópio. Por esse motivo Amélie foi diagnosticada com uma anomalia cardíaca, pois sempre que recebia esse raro toque de seu pai, seu coração disparava de emoção.
Então, devido ao problema de saúde, que nada mais era do que carência afetiva, a menina foi privada de ter contato com outras crianças, sendo alfabetizada pela própria mãe, que veio a falecer deixando Amélie ainda mais solitária no mundo, pois nem mesmo o peixinho dourado da família sobreviveu ao estado nervoso dos Poulain e, deprimido, tentou se matar por diversas vezes.
Mas de certa forma, a morte da mãe representou a libertação de Amélie, que aprendeu aos poucos a apreciar os pequenos prazeres da vida. Na realidade, minúsculos, pois para uma criança privada de qualquer contato humano, as coisas preferidas tornaram-se mergulhar as mãos em sacos de cereal (algo que eu também amo!), quebrar a crosta açucarada do crème brûlée com a colher e atirar pedrinhas na água para vê-las ricochetear.
E, descobrindo a vida, Amélie muda-se do subúrbio para o bairro parisiense de Montmartre, onde começou a trabalhar como garçonete e logo conheceu sua verdadeira vocação: promover a felicidade alheia. E certamente com esse filme a vocação de Amélie está salvaguardada para toda a eternidade.
Se você ainda não assistiu ao filme, assista. E aprenda a olhar o mundo e a sua vida através de outros olhos! Os grandes e apaixonados olhos de Audrey Tatou, que deram vida à Amélie Poulain e, indiretamente, à mim nos dias mais tristes.