quarta-feira, 26 de maio de 2010

Lá vem a chuva dona Tibúrcia...

Domingo último agora,aos quase 104 anos faleceu minha vizinha , mulher valente e guerreira, pelo menos sei isso por comentários, pois apesar de  conhece-la há 31 anos (minha idade), convivi com ela apenas na infância, e era velha já.Lembro que dona Tibúrcia, para sustentar os filhos, lavava roupas, lembro das bonequinhas de anil que ela deixava no molho das roupas para branquear, lavava no girau ainda, e quando a  chuva  caia de repente, todos gritavam para avisa-la-"Lá vem a  chuuuvaaaa dona Tibúuuciaaaa", e ela saia da sua casa para tirar o sustento do varal. Até que um dia ela começou a perder a visao, e ter os problemas da velhice no cotidiano, o tempo foi passando e dona Tibúrcia já nao mais saia de casa, depois passou a nao mais sair do quarto, onde era alimentada e cuidada com amor e zelo por sua filha Olga. Dona Tibúrcia adorava tomar vinho, fugia igual a uma menina serelepe para beber no bar do seu Gino, ponto de encontro de alguns cachaceiros da rua,e era trazida na marra pra sua casa, e chorava e amaldiçoava quem a trazia, e normalmente era seu filho Elias quem fazia isso, ele conta sorrindo essa e outras  histórias.
'Lá vem a chuva dona Tibúrcia' se tornou a frase que anunciava que a chuva já vinha, minha filha também adotou a frase e quando eu disse à  ela que a velha senhora havia morrido, ela pensou e disse-Agora ninguém vai mais dizer"Lá vem a chuva dona Tibúrciaaaa", agora vai ser "Lá vem a chuva dona Olga." Eu sorri, mas nao disse à ela que a frase nova nao rimou, e que a velha frase será uma forma carinhosa de jamais esquecermos a Dona Teté. Ah! e nao era raro passarmos ao lado da casa e ouvirmos um "lá lá lá lá lá",era dona teté, cantando a vida. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Cuidado ao comentar. Não haverá tolerância pra comentários machistas, racistas e homofóbicos.